Equipe paulista "vendeu" sua vaga na Série A por até R$ 20 milhões
Dirigentes sabiam que Héverton não tinha condições de jogo
Gazeta Press
O meia Héverton foi escalado premeditadamente de maneira
irregular pela Portuguesa na última rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado
em troca de vantagens financeiras para funcionários do clube. Com a
irregularidade, a equipe foi punida com a perda de quatro pontos e acabou
rebaixada para a Série B - na semana passada, faltando cinco rodadas para o fim
do torneio, o clube caiu novamente, agora para a Série C.
A grosso modo, a Portuguesa vendeu a sua vaga na elite do
futebol brasileiro. O Ministério Público quer saber agora quem comprou. Essa é
a principal conclusão do inquérito civil do MP de São Paulo que investiga
irregularidades na escalação de Héverton e ainda está em andamento.
Pelo menos três provas principais sustentam a conclusão do
órgão. A CBF enviou um e-mail, via Federação Paulista de Futebol (FPF), que foi
aberto pela Portuguesa. Pelo menos seis funcionários tinham a informação, de
acordo com o MP. Além disso, a Portuguesa sabia do julgamento do jogador, pois
foram descobertas conversas telefônicas entre o departamento jurídico e o
advogado do clube na sexta e no sábado anteriores ao jogo, realizado no
domingo.
Por fim, os funcionários fizeram todos os procedimentos de
rotina antes da partida, como a preparação de uma pasta com as informações
sobre jogadores suspensos e pendurados que seria entregue para a comissão
técnica. A pasta foi preparada para o então técnico Guto Ferreira, mas não
trazia a punição.
O próximo passo da investigação é descobrir a movimentação
financeira que concretize a fraude. Para isso, o Gaeco (Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime Organizado) quebrou o sigilo bancário dos
funcionários da Portuguesa. Ainda de acordo com o MP, os valores podem variar
de R$ 4 milhões a R$ 20 milhões.
A partir desta movimentação, os promotores esperam encontrar
pistas sobre quem teria "comprado" a vaga. As principais suspeitas
recaem sobre o Flamengo, que se salvou do rebaixamento com a punição da
Portuguesa, e o Fluminense, que também estava ameaçado.
Paralelamente à ação do MP, a Portuguesa está investigando
internamente o caso. Manuel da Lupa, presidente do clube à época, foi suspenso
de suas atividades. Diretores do clube afirmam que ele pode ser
responsabilizado cível e criminalmente em um processo que deve chegar a R$ 30
milhões. Da Lupa também é alvo de um processo de expulsão do quadro de sócios.
Ele conseguiu uma liminar na Justiça que evita a discussão do assunto na pauta
do órgão sob pena de multa de R$ 50 mil. O ex-presidente do clube não retornou
as ligações da reportagem.
Na próxima semana, a Comissão de Ética da Portuguesa deverá
apresentar um relatório para o MP com suas conclusões. "Prefiro esperar o
relatório para fazer algum posicionamento", afirmou o presidente do
Conselho Deliberativo, Marco Antonio Teixeira.
Depois de ter afirmado que acreditava na tese da
premeditação da escalação de Héverton, o que motivou duras críticas de
diretores do clube, o presidente Ilídio Lico preferiu se calar. "Vamos
aguardar as investigações", limitou-se a dizer.
A queda para a Série B agravou a crise financeira do clube,
que dependia das cotas de tevê para se sustentar, e se transformou em uma crise
técnica. Foram apenas três vitórias em 33 jogos na Série B, novo descenso e a
queda para a Série C em 2015.
Fonte:R7
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