A Petrobras (PETR3;PETR4) alertou a investidores estrangeiros que o presidente Jair Bolsonaro pode impor mudanças na política de preços da companhia. O aviso foi feito em documento enviado à Securities and Exchange Comission (SEC), órgão dos Estados Unidos equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil.
A política de preços atual considera as variações do dólar e do barril de petróleo no mercado externo e repassa essas flutuações para o valor do combustível cobrado na refinaria.
No documento, a estatal afirma que não pode garantir que sua maneira de “definir preços não mudará no futuro. Mudanças em nossa política de preços de combustíveis podem ter um impacto material adverso em nossos negócios, resultados, situação financeira e valor de nossos títulos”.
Já em outro trecho, a estatal aponta que o governo federal, como acionista controlador, pode perseguir objetivos sociais e macroeconômicos por meio da companhia, que podem causar efeito material adverso.
O arquivo enviado a SEC também cita outros fatores de risco aos negócios, como as adversidades no setor de óleo e gás.
Cabe lembrar que não é a primeira vez que a Petrobras realiza esse tipo de alerta a investidores estrangeiros. Em documento depositado no ano passado, a petroleira havia declarado que sua política de preços poderia ser alterada diante de comentários feitos por Bolsonaro, um novo presidente da companhia, uma nova diretoria ou novo conselho de administração.
A alta dos preços dos combustíveis motivou a demissão do presidente da empresa, general Joaquim Silva e Luna, por Bolsonaro na última segunda-feira. Contudo, analistas destacam que deve haver poucas mudanças na política de preços com a entrada do novo CEO, Adriano Pires.
Em breve nota, o Itaú BBA destacou que o alerta sobre uma possível mudança na política de preços da empresa não deveria assustar os investidores.
“Esta é uma seção regular no arquivamento da empresa na SEC. Este alerta sobre uma possível mudança na política de preços da empresa tem sido uma declaração padrão na seção de riscos financeiros do Formulário 20-F desde 2016. Acreditamos que essa seção tenha sido notada apenas agora pelas agências de notícias locais porque este é um momento de pressão para a política de preços da Petrobras em meio à recente volatilidade internacional do preço do petróleo e um fluxo de notícias pesado sobre o tema”, avaliam os analistas do BBA.
Segundo os analistas, essa afirmação por si só “não nos leva a acreditar que alguma mudança ocorrerá em um futuro próximo, tendo em vista que o recém-nomeado CEO é um defensor da política de preços”. No entanto, avaliam que a empresa pode enfrentar desafios recorrentes ao buscar garantir a convergência de preços para a paridade internacional no atual cenário de preços do petróleo.
“Enquanto o Brasil permanecer com pouca produção de derivados de petróleo e, portanto, um importador líquido, a política de preços de combustíveis é essencial para garantir uma perspectiva sustentável para o abastecimento de combustível do Brasil. Acreditamos que esta é a única forma de incentivar os participantes do mercado (incluindo a Petrobras) a importar combustível para o mercado brasileiro para atender a demanda”, avalia o BBA.
Os analistas do banco possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para a ação PETR4, com preço-alvo de R$ 38, ou um potencial de alta de 15,19% em relação ao fechamento da véspera.
Fonte: InfoMoney