25.05.2015
Diferente dos anos anteriores, o mercado agora vê a Petrobras com autonomia em sua política de preços
São Paulo. Além dos aumentos de preços administrados anunciados recentemente estarem surpreendendo para cima, alguns economistas estão incluindo em seus cenários de inflação deste ano um possível reajuste nos preços da gasolina. Para eles, será necessário reforçar o caixa da Petrobras por causa da alta da cotação do petróleo no mercado internacional e da desvalorização do câmbio no Brasil. Além disso, a empresa já deu sinais de que pretende reajustar os combustíveis.
Essa percepção ganha força na medida em que o mercado acredita que a estatal tem autonomia para decidir sobre sua política de preços independentemente da inflação.
O economista-chefe do banco Safra, Carlos Kawall, trabalha com um cenário de reajustes nos preços da gasolina em 2015, de 9,5% e de 6,0% na refinaria e na bomba, respectivamente, distribuídos em duas etapas, uma no meio e outra no fim do ano. "A lógica é de que se (o governo) fizer o quanto antes pode fazer menos", afirmou.
Impacto
Esses números teriam um impacto de 0,24 ponto porcentual no IPCA. Kawall disse que a defasagem entre os preços internos da gasolina ante o mercado externo, que já chegou a ser vantajosa para a Petrobras em cerca de 40% no ano passado, agora está na faixa de 5,0%. "Que (o aumento) vem, vem. A questão é a intensidade. O Monteiro foi muito claro", disse Kawall, referindo-se ao diretor Financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro. Na semana passada, o diretor reafirmou que a estatal "tem liberdade e vai praticar preços competitivos e de mercado". Segundo ele, esse é um compromisso da companhia com acionistas e também com o mercado de dívidas, uma vez que a redução do endividamento é tida como prioridade pela atual diretoria.
Diferente dos anos anteriores, o mercado agora vê a empresa com autonomia em sua política de preços, sem pressões políticas que pesavam contra reajustes que pudessem elevar mais a inflação. Nas contas do banco Safra, em 2016, diante da previsão de um câmbio mais depreciado, um outro aumento nos preços da gasolina, na faixa de 7% na bomba, seria necessário.
Projeções de aumentos
O Banco Sicredi acaba de revisar suas projeções de inflação por causa da expectativa de aumento da gasolina. As estimativas de 8,30% e 5,0% para o IPCA em 2015 e 2016 foram revistas para 8,50% e 5,20% porque agora o banco embutiu aumentos do combustível neste ano e no próximo em seus prognósticos, de acordo com o economista Pedro Ramos. "A Petrobras tinha uma vantagem grande, de cerca de 40%, que agora se esvaiu", disse Ramos, lembrando que as cotações da commodity engataram alta no mercado internacional
Fonte: DN