A busca pelo corpo idealizado como meio para felicidade tem
extrapolado os limites da saúde e qualidade de vida. Dietas se tornam
sinônimos de restrições, fome, sacrifícios e dissabor. Tudo em nome da
boa forma e da rápida perda de peso.
FOTO: AGÊNCIA DIÁRIONo
entanto, mudanças abruptas na alimentação trazem inúmeras consequências
ao organismo, já que alteram seu metabolismo e seu funcionamento
normal, levando à perda de massa magra, à flacidez, à constipação e ao
mal-estar.
De olho no metabolismoSegundo
as nutricionistas Elizabeth Yum e Claudine Cezário, especialistas em
nutrição clínica e esportiva, mestres em saúde pública, o comportamento
ainda pode gerar indisposição diária, levando indivíduos a comer menos,
reduzirem o tempo de lazer por não quererem se alimentar fora de casa, e
a dificuldade no processo de emagrecimento posteriormente.
As
sócias da Nutri Liz (Um novo conceito de nutrição) garantem que o
resultado é o que conhecemos como efeito sanfona, ou seja, o ganho
novamente de peso e uma maior dificuldade em perdê-lo gradativamente.
Alimentar-se dessa forma pode ser considerado como um ´crime
metabólico´, condição caracterizada pela mudança extrema dos hábitos
alimentares e, consequentemente, do metabolismo.
"Métodos muito
restritivos geram uma verdadeira ´prisão dietética´, pois ao reduzir o
metabolismo, o organismo fica mais susceptível ao armazenamento de
gordura como mecanismo de sobrevivência, reduzindo a liberdade alimentar
em comer o que quiser e comprometendo a vida social", diz Claudine
Cezário.
Não radicalizarAlguns
indivíduos optam pela ´privação total´ de determinados alimentos, como é
o caso do sódio e do açúcar. Mas, para Elizabeth Yum, os itens ricos em
gordura saturada, sódio, açúcar, conservantes e bebidas alcoólicas não
precisam ser abolidos completamente.
"A restrição total não é
sinônimo de saúde, pois interfere no convívio social e dificulta a dieta
à longo prazo. O dano está na frequência e na quantidade do que é
consumido e na proteção do organismo, que será reflexo da alimentação e
do estilo de vida", afirma Elizabeth Yum
Manter uma alimentação
saudável não significa necessariamente abrir mão dos sabores dos
alimentos, da vida social, das guloseimas e da praticidade, dedicando-se
apenas a comer produtos orgânicos, funcionais, shakes, vegetais e
sementes.
É preciso, sim, moderação, organização, bom-senso e planejamento além de acompanhamento do nutricionista.
Afinal,
nem tudo que é considerado saudável é benéfico ao processo de
emagrecimento. Alimentos com baixo valor calórico podem ser altamente
nocivos e contraindicados para a perda de peso.
São exemplos
típicos as sopas em pó, chocolates e refrigerantes da linha diet,
presuntos, alguns tipos de iogurtes, mel, granola, açaí, biscoitos e
´carne´ de soja.
Alguns deles apresentam muito sal, açúcar ou
carboidratos, prejudicando a dieta alimentar que visa a redução de peso.
"A carne de soja, por exemplo, é um tipo de feijão, apresenta muito
carboidrato diferente de carnes de origem animal, o que compromete o
processo", explica Claudine Cezário.
Metas dietéticasÉ
fato que não existe uma dieta perfeita, já que cada pessoa possui suas
particularidades. Mas o correto, segundo Elizabeth Yum, é estabelecer um
plano de educação nutricional, pois só assim haverá uma mudança real e
efetiva dos hábitos alimentares, sem sacrifícios a longo prazo. "A
educação nutricional se baseia em metas dietéticas e não em metas de
peso, visando o bem-estar, o autoconhecimento e a alegria de viver.
Muitas pessoas acham que serão felizes apenas quando forem magras, mas a
felicidade independe da forma física e sim da saúde e autoaceitação.
Livre escolhaDeve-se
buscar a liberdade alimentar, definida pelas nutricionistas como estar
livre para escolher o alimento, poder comer o que quiser sem alterar o
peso e a composição corporal, tendo vida social e prazer na alimentação.
Tal condição pode ser conquistada por meio de um acompanhamento
nutricional sistemático que promova educação nutricional, melhorando
metabolismo, conferindo mais saúde e bem-estar a curto e longo prazos.
"Tudo
depende da adesão às recomendações e dos danos metabólicos causados no
passado. Esse processo favorece escolhas mais interessantes, promove
liberdade alimentar, conscientizando as escolhas e dando autonomia ao
paciente para elaborar sua própria dieta com o tempo. Quando há
eficiência metabólica é possível comer brigadeiro, pizza, sanduíche e
continuar com o mesmo peso", concluem.
VICKY NÓBREGAESPECIAL PARA O VIDA
Fonte, DN