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Foto: José Avelino Neto/DN |
As chuvas que alegram os cearenses são consequência de fenômenos transitórios e inesperados.Milhã. Chuva. Muita chuva. É esse o balanço do primeiro fim de semana da pré-estação que, segundo os meteorologistas, antecede o período tradicionalmente chuvoso, de fevereiro a maio, no Estado do Ceará. Entre as 7h do domingo (18) e as 7h de ontem, foram registradas chuvas em 100 municípios, sendo a maior em Milhã (80mm). Com isso, a duas semanas do fim do mês, o Estado já ultrapassou a média histórica.
Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), no sábado (17), houve confirmação de precipitações em 14 cidades.
Em três delas, a quantidade de chuva foi superior a 100mm: Penaforte (146.5mm), Jati (120.0mm) e Porteiras (106.0mm).
Regiões
A região Central cearense tem sido uma das mais contempladas com os primeiros registros da pré-estação. Dos 19 municípios que compõem a área, choveu em 12 de sábado para domingo, e nove de domingo para ontem. Milhã registrou a melhor chuva entre os municípios da área. Outras regiões do Ceará, como no Cariri, Centro-Sul, Vale do Jaguaribe e Zona Norte, também registraram chuvas fortes.
Somada, a pluviometria dos 19 primeiros dias de dezembro deste ano, já é quatro por cento maior do que a média de chuvas histórica do Estado para o período, que é de aproximadamente 32%, segundo a Funceme.
Causa
De acordo com o meteorologista da Funceme, Raul Fritz, as precipitações foram ocasionadas por um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) e devem durar por pelo menos mais dois dias, embora desta vez, sejam trazidas por um novo fenômeno, o cavado de altos níveis, semelhante ao VCAN. O cavado de altos níveis provoca chuvas da mesma maneira que o VCAN, só que ocorre com menos frequência.
Fritz explica que assim como seu 'fenômeno-irmão', o cavado também traz chuvas instáveis, o que impede previsões para períodos longos. "De uma hora pra outra ele se modifica ou se intensifica, mas há uma tendência que tenhamos chuva pelo menos pelos próximos dois dias. Elas vão ficando mais fracas na medida em que o fenômeno deixa de agir até se acabarem", diz o meteorologista.
Como são instáveis, ele explica que pode acontecer de nem todos os municípios registrarem chuvas, e que elas sejam rápidas, embora intensas. "Pode ser que chova muito em uma região em um dia, e, no dia seguinte, amanheça já com sol", informa.
As chuvas renovaram a esperança do cearense que já há cinco anos seguidos, sofre com a ocorrência de chuvas abaixo da média, secando os açudes e afetando o abastecimento nas zonas urbanas e no campo.
O aposentado Raimundo Gomes Liberato se diz motivado com a água que começou a aparecer nos últimos dias. "É sinal de uma bênção de Deus. Tenho fé que, para o ano, as coisas pra gente do sertão vão melhorar. Essa chuva aí traz muita alegria", comenta o aposentado.
Sem relação
Raul Fritz frisa, no entanto, que elas ainda não têm ligação com a quadra chuvosa. "É bom esclarecer que independentemente do tipo de chuva que ocorre agora não é o mesmo sistema que ocorre de fevereiro a maio, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Então, não significa continuidade de chuvas a partir de fevereiro do ano que vem".
As chuvas da pré-estação são diferentes das que aparecem a partir de fevereiro, quando a ZCIT começa a agir. "70 a 80% das chuvas no Ceará são devido a ela, por isso que a gente costuma dizer que essas chuvas de agora representam um sistema que não traz tantas chuvas. Esses sistemas de pré-estação duram apenas alguns dias, depois param por muito tempo até chegar outro", explica Fritz.
Previsão
Para os próximos dois dias, a Funceme prevê nebulosidade variável, com possibilidade de chuvas isoladas em todas as regiões cearenses.
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/media-de-chuvas-do-mes-ja-foi-ultrapassada-1.1672329
Fonte: Diário do Nordeste