Direção-Geral da Saúde confirma ao DN que vai avançar na segunda fase de vacinação pelas idades, utilizando o critério de faixa etária decrescente, e pelo grupo de pessoas com pelo menos uma das patologias identificadas para esta fase e sem limite de idade.
Esta semana, o bastonário dos médicos defendeu ao DN que a segunda fase de vacinação deveria ser só por idades, senão haveria uma faixa etária, a dos 70 aos 79 anos, a qual regista a segunda maior taxa de mortalidade por covid-19, que continuaria a ficar para trás. Ontem, foi o próprio coordenador da task force para a vacinação, o vice-almirante Gouveia e Melo, que afirmou, em entrevista à RR/Público, que se deveria avançar para o critério da idade.
Ao fim do dia, a Direção-Geral da Saúde confirma que o critério vai ser mesmo alterado e que a idade passa a ser um critério prioritário. O que é possível fazer devido ao facto de Portugal ir receber na próxima fase mais vacinas do que até aqui. Sendo assim, é provável que a partir de abril comecem a ser vacinadas as faixas etárias dos 70 aos 79 anos, dos 60 aos 69 anos, independentemente de terem patologias graves ou não.
Desde o início do processo de vacinação em dezembro, que esta é a segunda vez que os critérios definidos pela Comissão Técnica Vacinação Contra a Covid-19 são alterados relativamente ao critério da idade. A primeira vez foi em janeiro, após vários especialistas terem protestado em relação ao facto de os idosos de 80 e mais anos não estarem incluídos na primeira fase. O argumento usado por todos na altura foi o de que esta faixa etária, que registava 14% da mortalidade por covid-19 em Portugal, estaria a correr maiores riscos por não estava a ser protegida com a vacinação.
O DN questionou na quarta-feira a DGS sobre possíveis alterações ao plano de vacinação após as declarações do bastonário dos médicos. Miguel Guimarães defendeu que o plano tinha de ser simplificado e que bastava avançar por idades, porque assim apanhava as pessoas mais vulneráveis pela idade e também as que têm patologias graves. Na resposta enviada esta tarde, a DGS justifica esta alteração com o argumento de que "o Plano de Vacinação contra a Covid-19 é dinâmico e adaptável à evolução do conhecimento científico, à disponibilidade e aprovação de vacinas contra a Covid-19 na União Europeia, e à evolução epidemiológica".
Por isso, e relativamente à estratégia vacinal a implementar para esta segunda fase, tendo em conta um expectável aumento das doses de vacinas disponíveis, será possível ajustar o plano de forma a vacinar o maior número de pessoas no menor período de tempo, pelo que a proposta da Comissão Técnica de Vacinação (CTV) cria uma estratégia em dois braços, que correrá em paralelo: a vacinação por idades, utilizando o critério de faixa etária decrescente, e vacinação de pessoas com pelo menos uma das patologias identificadas para a fase dois, sem limite de idade.
Ao DN, a DGS explica ainda que através desta estratégia, a qual foi defendida e sustentada num parecer da CTV e entregue ao coordenador da task force para a vacinação, na semana passada, será possível garantir seja vacinada a grande maioria das pessoas mais vulneráveis e em risco de internamento e morte por esta doença. Desta forma, está também a contribuir-se para a sustentabilidade do Sistema de Saúde, quer na resposta à covid-19, quer na resposta a todas as outras doenças.
Recorde-se que na primeira fase de vacinação começou-se por se vacinar os profissionais de saúde, de lares, os seus residentes, outras profissões consideradas essenciais e os maiores de 80 anos. De acordo com as declarações do coordenador da task force, vice-almirante Gouveia e Melo, na audição parlamentar de quarta-feira, no dia 11 abril os grupos prioritários da primeira fase deverão estar já todos vacinados. A partir desta altura, o país, ARS a ARS poderá assim avançar para a segunda fase.
Na semana passada, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, tinha defendido igualmente ao DN que os critérios clínicos introduzidos no processo de vacinação era uma das situações que contribuía para a morosidade do processo. Uma situação que espera que se altere a partir do momento que a população começar a ser chamada pela idade e por ordem decrescente para a vacinação.
O vice-almirante Gouveia e Melo defendeu ontem na entrevista RR/Público que se continuássemos a vacinar por "grupinhos" iríamos acumular doses em armazém. "É preciso acabar com a vacinação por grupos de doenças e avançar para a vacinação por idades. Não faz sentido ficar a maior parte da população à espera que se vacinem os grupinhos todos", justificou.
De acordo com o que referiu Gouveia e Melo aos deputados na quarta-feira, Portugal deverá receber na totalidade 35,8 milhões de doses de vacinas, ou seja mais 23 milhões do que estava previsto em dezembro. Até agora, e segundo o relatório semanal da DGS sobre a vacinação, há 494 521 portugueses com vacinação completa, 5% da população, e 1 196 971 que já tomaram a primeira dose, 12% da população.
Um processo que está a ser mais lento do que se esperava, em parte pela falta de vacinas, uma vez que as empresas não têm cumprido os prazos definidos nos contratos com a União Europeia, por outro lado pela processo de convocatória, nomeadamente por SMS, que não está a funcionar para faixa etária dos mais idosos.
Fonte: Diário de Notícia
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