Foto: Daniel Aragão/DN |
Enquanto o valor do petróleo despenca no mercado internacional por conta do excesso de oferta, os consumidores brasileiros têm que arcar com preços de combustíveis entre os mais altos do mundo. Mesmo assim, apesar das sinalizações de que a queda do valor do barril de petróleo poderia reduzir o valor da gasolina no mercado interno, fatores como a situação do caixa da Petrobras não devem permitir a diminuição do preço.
Pelo contrário: na avaliação de Bruno Iughetti, consultor na área de petróleo e gás, é possível que a gasolina fique ainda mais cara neste ano. "A curto prazo, não há atenuante que possa reverter essa tendência.
Vai depender dos governos estaduais, ao rever as alíquotas do ICMS, do capital privado, que deve manter sua margem de lucro, e do equilíbrio do caixa da Petrobras", explicou.
O especialista apontou que o Brasil ainda não conseguiu tirar proveito do petróleo extraído do pré-sal, uma vez que o produto somente se tornaria economicamente viável e atrativo com o barril comercializado a US$ 85. "Por US$ 30 o barril, como foi a cotação na segunda-feira, não é possível cobrir minimamente as despesas com pesquisa e exploração", destacou o consultor.
Ele avalia que a razão de os preços de combustíveis não caírem no mercado interno se deveria à escolha política tomada há cinco anos, classificada por ele como temerária, que segurou artificialmente os preços da gasolina para que não houvesse impacto sobre a inflação. "Foi uma bolha que acabou arrebentando no ano passado, em que a inflação dos derivados do petróleo chegaram a praticamente 21%".
Caixa
Com a erosão sofrida pelo caixa da Petrobras nesse período, o consultor avalia não ser viável reduzir os preços até que os cofres da estatal sejam recompostos, ainda que a um maior sacrifício da atividade econômica. O último reajuste nos preços da gasolina e do diesel foi promovido no final do terceiro trimestre do ano passado. Mesmo com o petróleo já em queda, a Petrobras elevou a gasolina em 6% e o diesel, em 4%.
Questionada pela reportagem, a estatal informou, por meio de nota, que "a política de preços da Petrobras no Brasil tem como referência o alinhamento com os preços internacionais, com base numa visão de médio prazo, sem refletir a volatilidade dos preços do petróleo nos mercados internacionais e oscilações cambiais de curto prazo". A petroleira não admitiu nem negou a possibilidade de rever os valores. Já o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) afirmou que não comentaria os preços dos combustíveis, uma vez que não possui ingerência sobre os fatores que influenciam nas suas variáveis, respeitando as premissas de livre mercado. "Além disso, cada distribuidora tem a sua política comercial e decide o preço que vai praticar. Essas informações são restritas à área comercial de cada empresa", disse.
Na última terça-feira (12), o barril do petróleo foi negociado a US$ 30,44 no mercado norte-americano. Esse foi o menor valor em 12 anos. Isso se dá pelo excesso de oferta no mercado internacional.
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/negocios/reducao-no-valor-do-petroleo-nao-impedira-alta-da-gasolina-1.1472529
Fonte: Diário do Nordeste
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