RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas de combustíveis no Brasil recuaram 3,4% em 2015, em sua primeira queda ante o ano anterior desde 2005, apesar do forte aumento no consumo de etanol hidratado para volumes históricos, segundo dados publicados nesta terça-feira pelo sindicato das distribuidoras de combustíveis (Sindicom).
O recuo das vendas, registrado entre as associadas do sindicato no período, foi principalmente devido à menor atividade econômica e à queda estimada no consumo das famílias, segundo o diretor de Mercado do Sindicom, César Guimarães.
"Até setembro o resultado do ciclo otto (gasolina, etanol e Gás Natural Veicular) chegou a ficar estável, e de outubro em diante começou a cair... a crise começou a chegar e a gente atribui isso (o resultado do ano) aos indicadores (econômicos)que estão sendo divulgados", afirmou Guimarães à Reuters.
O diretor destacou, entretanto, que nunca houve um volume de vendas de etanol hidratado "tão surpreendente" como em 2015.
As vendas do biocombustível registraram o maior volume comercializado desde o início do programa do álcool, com o etanol hidratado mais competitivo frente a gasolina em importantes Estados consumidores na maior parte do ano.
As vendas do biocombustível somaram mais de 11 bilhões de litros, alta de 39,2% em relação ao ano anterior.
Na maior parte do ano, os preços do etanol hidratado tiveram uma paridade de preços favorável em relação à gasolina nos principais Estados produtores (São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), explicou Guimarães.
O diretor do Sindicom ponderou que as vendas do etanol hidratado chegaram a desacelerar no fim do ano, devido à entressafra e aos preços mais altos, mas afirmou que o biocombustível poderá crescer novamente em 2016, dependendo de diversos fatores.
O Sindicom não realiza previsões para as vendas de combustíveis.
Gasolina e diesel em baixa
Com o aumento da demanda pelo etanol, as vendas de gasolina sofreram queda de 8,6% em 2015 em relação ao ano anterior. Foi a primeira queda das vendas de gasolina das associadas do Sindicom desde 2009.
Quando somada a comercialização total de gasolina e etanol hidratado, considerando a equivalência energética dos produtos, houve uma redução de 1,7% nas vendas. A queda, explicou o Sindicom, reflete o recuo estimado no consumo das famílias, da ordem de 2%, segundo relatório do Banco Central.
Já as vendas de óleo diesel, diretamente impactadas pela atividade econômica de um país, caíram no Brasil 5% em 2015 em relação ao ano anterior, refletindo a menor atividade econômica de acordo com as projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano de 2015, explicou o Sindicom.
"Apesar de a produção agropecuária apresentar um pequeno crescimento, a produção industrial e o setor de serviços devem apresentar maiores perdas, conforme relatório divulgado pelo Banco Central, impactando negativamente as vendas de diesel", afirmou o Sindicom na nota publicada nesta terça.
As vendas de diesel das associadas do Sindicom também não recuavam desde 2009.
O óleo combustível também apresentou queda de 19,3%, "devido ao menor acionamento das termoelétricas, em 2015", segundo o Sindicom, enquanto o querosene de aviação (QAV) teve redução de 1,6%, comparado a 2014.
As associadas do Sindicom representam aproximadamente 80% do volume de distribuição de combustíveis e lubrificantes no Brasil. Os números de vendas de combustíveis em 2015 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que considera todo o mercado, ainda não foram publicados.
Fonte: Uol
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