'Continua o trabalho de buscas para encontrar
sobreviventes', afirmou porta-voz da Cruz Vermelha Colombiana (CRC) no domingo
à noite
Por
France Presse
03/04/2017 08h22 Atualizado há 3 horas
Soldado carrega bebê resgatado após
desastre em Mocoa (Foto: EJERCITO DE COLOMBIA/AFP)
Os moradores de Mocoa, sul
da Colômbia, procuram desesperadamente por seus parentes, incluindo alguns
bebês, mas é cada vez mais difícil encontrar pessoas vivas sob a lama após o
deslizamento de terra que deixou 254 mortos. Segundo a imprensa colombiana, há
mais de 200 desaparecidos.
Dois dias
depois da catástrofe provocada pela cheia de três rios na capital do
departamento de Putumayo, sul do país, muitos que conseguiram escapar do
"mar de lama" se aglomerava no hospital de Mocoa ou à frente do
cemitério para procurar notícias.
"Continua
o trabalho de buscas para encontrar sobreviventes, ainda estamos dentro da
janela de 72 horas posteriores a um desastre desse tipo", disse à AFP um
porta-voz da Cruz Vermelha Colombiana (CRC) no domingo à noite.
Entre as
pessoas que perderam familiares, algumas lutam por suas vidas depois de tragar,
respirar e afundar na lama.
"Estava
morrendo por falta de ar. O que eu fiz? Enfiei o dedo na boca, vomitei barro,
continuei com dedo na boca, vomitei mais barro. Espirrava lama, tudo era barro,
até que consegui voltar a respirar", contou Carlos Acosta à AFP em um
abrigo onde se recupera dos ferimentos.
Mas a dor não é
apenas física.
Na sexta-feira
à noite, este homem de 25 anos dormia com o filho Camilo de três anos ao seu
lado, quando acordo ao perceber que a água inundava sua casa.
"Peguei
meu bebê no colo, mas a água nos arrastou e bati nas pedras", recorda.
Ele ficou
inconsciente e quando acordou não havia sinais da criança.
Carlos
conseguiu se agarrar a um pedaço de madeira e salvar sua vida. Mas a lama arrastou
seu filho.
Muitos
feridos com gravidade
O presidente
colombiano, Juan Manuel Santos, afirmou no domingo que a avalanche deixou 203
feridos, muitos com gravidade, que estão sendo atendidos em hospitais de Mocoa
e outras cidades.
"Sei que
expresso o desejo de todos os colombianos por sua plena recuperação",
disse o presidente, que supervisionou no fim de semana os trabalhos de resgate
e as obras para restituir os serviços básicos na região.
Santos explicou
que a avalanche destruiu o aqueduto local, que deve demorar um ano para ser
completamente reconstruído. Também disse que o serviço de energia elétrica
ficou "gravemente afetado", não apenas na capital, mas em metade do
departamento de Putumayo.
Em Mocoa,
45.000 pessoas foram afetadas, de acordo com a Cruz Vermelha. A energia
elétrica foi parcialmente restabelecida no domingo, com linhas auxiliares, mas
dezenas de pessoas foram para as ruas com o objetivo de recarregar os telefones
celulares em geradores provisórios.
Chuvas muito intensas provocaram o
transbordamento de dois rios em Mocoa, no Sul da Colômbia (Foto: César Carrión/Oficina
de Prensa de la Presidencia de Colombia via AP)
O medo de outra
avalanche volta até mesmo com uma chuva fina, o que levou a Unidade Nacional
para a Gestão de Risco de Desastres (UNGRD) a desmentir um perigo iminente.
O deslizamento,
que despertou a solidariedade mundial, supera o último grande desastre natural
da Colômbia, uma tragédia similar na cidade de Salgar, que deixou 92 mortos em
maio de 2015.
As fortes
chuvas na América do Sul também afetaram o Peru, com 101 mortos e mais de um
milhão de desabrigados, e o Equador, com 21 mortes desde janeiro e mais de 9
mil famílias afetadas.
As doações
começaram a chegara ao país. Uma das mais importantes veio da China, com um
milhão de dólares.
Fonte:http://g1.globo.com/mundo/noticia/colombia-busca-sobreviventes-apos-deslizamentos-que-deixaram-mais-de-250-mortos.ghtml
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