quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Brasileiro vence 'Nobel' aos 35 anos



Nobel

Considerado um dos matemáticos mais talentosos de sua geração, o brasileiro vinha sendo citado como forte candidato ao prêmio
Foto: folhapress 
 
Seul. O matemático Artur Avila, 35, escolhido para receber, ontem à noite, a Medalha Fields, popularmente conhecida como o "Nobel da matemática", fez toda a sua formação no Brasil, situação rara no caso de pesquisadores de países em desenvolvimento que despontam precocemente. Ele será o primeiro ganhador da América Latina.

A entrega do prêmio ocorreu na abertura do 27º Congresso Internacional de Matemáticos, em Seul, na Coreia do Sul.

Nascido no Rio de Janeiro, Avila é pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS, um órgão de pesquisa do governo francês).

Desde 2009, Avila desfruta de uma situação bastante particular entre seus pares, dividindo suas atividades de pesquisa entre Paris e o Rio de Janeiro.

"Tenho posições de pesquisador em tempo integral na França e no Brasil, sem compromisso com ensino. A qualquer momento eu posso ir de um país para o outro", conta.
Considerado um dos matemáticos mais talentosos de sua geração, o brasileiro vinha sendo citado nos últimos anos como forte candidato ao prêmio.

Ele começou a frequentar o Impa aos 16 anos, ainda no ensino médio, após ter ganho a medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática de 1995. No ano seguinte, iniciou o mestrado no instituto. Concluiu o doutorado em matemática na mesma instituição aos 21 anos, na mesma semana em que pegou o diploma de graduação.

"A conquista do Artur mostra como é acertada a política do Impa de permitir que alunos de qualquer idade assistam às nossas aulas e tenham contato com os pesquisadores", diz César Camacho, diretor-geral do Impa. Artur não ignora o impacto que a conquista da Medalha Fields pode ter no Brasil.

"Para o público brasileiro esse prêmio vai servir para mostrar que existe pesquisa em matemática, que ela é uma área viva. Além disso, ele vai mostrar que não é só nos Estados Unidos ou na Europa que se faz pesquisa de ponta. Tira um pouco do complexo de vira-lata da comunidade científica brasileira", exalta.

Ele diz que não possui propriamente uma rotina de trabalho.
"Se eu estou envolvido em um projeto que está indo muito bem, trabalho o tempo todo; agora, se estou meio perdido, o que acontece na maior parte do tempo, deixo a coisa rolar até aparecer alguma coisa", relata.

Comparação com Nobel

Comparada ao Nobel, pela importância, a Medalha Fields distingue-se por ser entregue apenas de quatro em quatro anos para matemáticos de até 40 anos. A cada edição, são entregues de duas a quatro medalhas.

Neste ano, também receberam o prêmio o canadense-americano Manjul Bhargava, o austríaco Martin Hairer, e a iraniana Maryam Mirzakhani, a primeira mulher a receber a distinção.

Fonte, DN

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