segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Comoção pode beneficiar sucessora


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Faixa em homenagem ao presidenciável. De acordo com dirigentes do PSB, o primeiro programa na TV falará dos sonhos de Campos e fará referência à última frase que ele disse no Jornal Nacional: "Não vamos desistir do Brasil"
FOTO: REUTERS 
 
Recife/Brasília O primeiro programa da propaganda eleitoral do PSB vai homenagear o ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo na quarta-feira passada, dia 13. De acordo com informações de dirigentes do PSB, o programa falará dos sonhos de Campos e fará referência à última frase que ele disse no Jornal Nacional, em entrevista concedida um dia antes de morrer: "Não vamos desistir do Brasil".

"A ideia é mostrar imagens e declarações de Campos ao longo da pré-campanha e da campanha. Será um programa mais plástico, emocional, com imagens bonitas, seleção de frases marcantes", disse o presidente da legenda, Roberto Amaral.

Deverão ser mostradas também as imagens do encontro entre Campos e Marina Silva, quando a ex-ministra anunciou sua filiação ao PSB, logo depois de ter o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por falta da quantidade de assinaturas exigida.

Amaral disse ainda que o roteiro final do programa não foi apresentado à cúpula do partido, que só vai vê-lo a partir de hoje a tempo de mandá-lo para as emissoras de televisão e rádio.
Embora a ex-ministra Marina Silva seja também personagem do programa, ela ainda não será apresentada como a substituta de Campos, porque a decisão a esse respeito sairá apenas no dia seguinte. Do ponto de vista legal o PSB considera que não pode apresentar Marina como candidata a presidente sem antes oficializar a escolha e pedir o registro do nome dela no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), bem com do candidato a vice.

A coligação do PSB conta com 2min3s de propaganda em cada bloco de 25 minutos diários, distribuídos entre as candidaturas.

Votos

A entrada da ex-ministra na campanha eleitoral e os votos que ela pode tirar do PT no Nordeste foram os principais assuntos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro que tiveram ontem (17), no Recife, logo depois da missa de corpo presente do ex-governador Eduardo Campos.

A mudança na candidatura do PSB preocupa também o comando de campanha dos tucanos. Mas o candidato Aécio Neves acha que Dilma perderá mais do que ele.

O raciocínio é que, Campos, como Aécio, apresentava um programa econômico mais liberal. Agora, com a saída dele, é provável que os tucanos fiquem sozinhos nesse campo, pois Marina tende a seguir um perfil com maior presença do Estado na economia.

Como Aécio é o candidato preferido do agronegócio e Marina, considerada hostil pelo setor, os tucanos acreditam que terão muitos votos entre empresários do setor rural. Afinal, na opinião deles, Dilma também não conseguiu agradar ao agronegócio.

Há uma preocupação no governo de que a comoção com as circunstâncias trágicas da morte de Campos possa reverter em votos para Marina. Dilma teme perder votos em Estados importantes do Nordeste, onde sempre foi muito bem votada.

A possibilidade de segundo turno também preocupa. O PT trabalhava com esse quadro, mas torcia para que ele não ocorresse. O objetivo era evitar ter de enfrentar um adversário de igual para igual, com o mesmo tempo de propaganda na TV, por exemplo.

No segundo turno, os tempos de TV são distribuídos de forma diferente da do primeiro, no qual consegue aparecer mais quem monta uma coligação maior. Dilma tem 11 minutos, Aécio, pouco mais de 4 minutos e meio e Marina, 2. Muitos acreditam que a ex-ministra conseguirá arrebatar descontentes de junho de 2013 e descrentes da política, que poderão apostar nela, como válvula de escape.

Por outro lado, apesar do impacto inicial, integrantes da campanha acreditam que logo os reflexos do efeito Marina estarão sedimentados e não representarão mais ganhos para ela. Interlocutores de Dilma estão convencidos de que ela chegou ao seu piso de votos e que não cairá abaixo de 36%, mesmo que o fenômeno Marina possa voltar.

A presidente deverá nortear hoje sua conduta, na entrevista do Jornal Nacional já com base no fator Marina e nas primeiras projeções de intenção de voto divulgadas após a morte de Eduardo Campos.

Fonte, DN
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