Houve apenas uma proposta na licitação, que transcorreu tranquila, praticamente alheia ao violento confronto que ocorria nas imediações do local do leilão - que envolveu cerca de 400 manifestantes e um aparato de segurança de 1.100 militares.
O grupo formado pela Petrobras (40%), a francesa Total (20%), a anglo-holandesa Shell (20%) e as chinesas CNPC (10%) Cnooc (10%) fez o lance nos últimos segundos do prazo fixado para a apresentação dos envelopes. Levou a área pelos parâmetros mínimos estabelecidos no edital: pagarão o preço fixo de R$ 15 bilhões pela assinatura do contrato, valor que ajudará nas metas de superávit do governo, e partilharão com a União o piso de 41,65% de óleo lucro.
"O governo está muito satisfeito com o leilão de Libra, pois foi um sucesso", declarou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo. Pouco mais de uma hora depois do fim da disputa, a presidente Dilma Rousseff postou no twitter que havia terminado de gravar um pronunciamento para ir ao ar em rede nacional de televisão, falando sobre o leilão.
"Sucesso maior do que este era difícil de imaginar", disse a diretora Magda Chambriard, desdenhando a falta de concorrência. A presidente da Petrobras, Graça Foster, acompanhou a licitação, mas não concedeu entrevistas. As ações da estatal tiveram alta forte nesta segunda: 5,30% as preferenciais (PN), cotadas em R$ 18,88, e 4,92% as ordinárias (ON), em R$ 17,69. O movimento da estatal puxou o índice Ibovespa, que fechou em alta de 1,26%.
O primeiro leilão do pré-sal, que inaugurou o regime de partilha, foi realizado com cerca de 400 pessoas em um hotel da Zona Oeste do Rio, com um esquema ostensivo de segurança nunca antes montado para um leilão. A maioria dos participantes montou base no hotel, que teve sua lotação esgotada e quartos transformados em escritórios.
Forte aparato de segurança
Enquanto homens da Força Nacional e do Exército faziam segurança do lado de fora, com homens fortemente armados, escudos, cães, escopetas e até embarcações da Marinha, parte dos participantes nem viu o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes do lado de fora, apesar de a fumaça irritar os olhos de quem chegava às portas do hotel.
"Não houve nenhuma frustração, estamos satisfeitos com o resultado", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Segundo ele, o grupo vencedor forma uma parceria público privada de empresas de alto nível. "São empresas que dominam uma tecnologia sofisticada, porque são 7 mil metros de profundidade para exploração",
Em pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, a presidente Dilma Rousseff comemorou o "sucesso do leilão do Campo de Libra", classificando como "um marco na história do Brasil", e fez questão de responder às críticas de vários setores que vão da oposição aos próprios funcionários da Petrobras.
"Sucesso maior do que este era difícil de imaginar", disse a diretora da ANP, Magda Chambriard, desdenhando a falta de concorrência FOTO: AGÊNCIA BRASIL
Dilma reagiu ainda às acusações de que o leilão representava uma privatização do petróleo brasileiro. "Pelos resultados do leilão, 85% de toda a renda a ser produzida pelo campo de Libra vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras. Isso é bem diferente de privatização", disse.
"O Brasil é - e continuará sendo - um país aberto ao investimento, nacional ou estrangeiro, que respeita contratos e que preserva sua soberania", avisou a presidente reagindo a outras críticas de que o País não contém regras jurídicas claras em seus processos de concessões.
Dilma defendeu as empresas que participaram do processo, citando que "são empresas grandes e fortes que vão poder explorar, nos próximos 35 anos, um montante de óleo recuperável estimado entre 8 bilhões a 12 bilhões de barris de petróleo, e 120 bilhões de metros cúbicos de gás natural".
Segundo a presidente, com o sucesso do leilão, "começamos a transformar uma riqueza finita, que é o petróleo, em um tesouro indestrutível, que é a Educação de alta qualidade".
ANP estima geração de R$ 300 bi em royalties
Rio e São Paulo. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estima que a exploração da área de Libra irá gerar R$ 300 bilhões em pagamento de royalties durante os próximos 30 anos. A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, lembrou que 75% desse montante será destinado à educação. Os 25% restantes serão para a saúde. Além dos royalties, outros R$ 600 bilhões serão incorporados pelo governo federal via cálculo de óleo-lucro. A proposta do consórcio formado por Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC foi de 41,65% do óleo-lucro, porcentual mínimo estabelecido no edital.
Após o anúncio do consórcio vencedor, Magda destacou que a área de Libra garantirá uma das maiores participações governamentais do mundo. Os recursos do governo, segundo ela, somariam cerca de R$ 1 trilhão durante o período de concessão, montante que inclui bônus de assinatura, royalties, imposto de renda e contribuição social, entre outros. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, destacou que o governo brasileiro terá o equivalente a 80% do petróleo excedente a ser extraído.
Fonte, DN
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