domingo, 13 de outubro de 2013

Metade dos açudes no Ceará podem atingir menos de 10% do nível até o final de 2013

21:18:49

NORDESTE // CEARÁ


Publicado em 15.05.2013, às 18h08


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Açudes podem chegar a nível crítico até o final de 2013 no Ceará e preocupam sertanejos e poder público
Foto: Aprece/divulgação

Leonardo HefferDo NE10/Ceará
A luz do sinal de alerta continua acesa para a situação dos níveis dos açudes no Ceará. Isso porque, de acordo com a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Estado (Cogerh), 50,4% dos açudes monitorados pela companhia podem chegar a um nível de volume de água abaixo dos 10% da capacidade até o final de 2013, caso a situação climática no estado persista.

Nem mesmo as poucas chuvas, que caíram no meses de março (78,7mm) e abril (136,9mm) deste ano, serviram para aliviar a situação daqueles que dependem dos açudes. Isso porque a seca, que atinge todo o nordeste e parte de estados da região sudeste, só tem se agravado com a redução das precipitações nesses estados.

No Ceará, por exemplo, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), os meses de fevereiro, março e abril, considerados como o trimestre da quadra chuvosa (meses que apresentam o maior índice de chuvas no estado) tiveram um desvio negativo de 46,4% nas precipitações. Ou seja, choveu menos do que a média para o período: enquanto a média climatológica (cálculo dos últimos 30 anos) apresenta 516 mm nesses três meses, em 2013, a chuva no estado, dentro desse período, foi de 277,2mm.

Somado a redução das precipitações, ainda há a má distribuição das chuvas no estado. Isso representa mais chuvas em algumas localidades do que em outras. O resultado é que alguns poucos açudes tiveram aumento no nível do volume de água, porém não o suficiente para diminuir a preocupação do cearenses e do poder público.

Açude em Caridade, no ceará
Açude no município de Caridade, um dos mais atingidos no Ceará

De acordo com levantamento da Cogerh, hoje, dos 139 açudes monitorados pela empresa, somente dois estão com nível acima de 90%. Já 70 açudes encontram-se com volume abaixo dos 30%. Se somado o volume atual de água de todos os açudes monitorados, o Ceará tem apenas 44,5% do total de volume de água.

Entre os açudes que apresentam pior situação (abaixo de 1% do total do volume de água) estão 19: Penedo, em Maranguape, com 0,05%; Madeiro, em Pereiro, com 0,07%; Cupim, em Independência, com 0,09%; Colina, em Quiterianópolis, com 0,12%; Do Coronel, em Antonia do Norte, com 0,14%; Desterro, em Caridade, com 0,17%; Santo Antônio, em Iracema, com 0,25%; Jatobá, em Milhã, com 0,31%; Santa Maria, em Ererê, com 0,35%; Salão, em Canindé, com 0,36%; Itapajé, em itapajé, com 0,45%; Potiretama, em Potiretama, com 0,45%; Quincoé, em Acopiara, com 0,5%; Mamoeiro, em Antonina do Norte, com 0,53%; Pau Preto, em Potengi, com 0,6%; São Domingos II, em Caririaçu, com 0,63%; Patos, em Sobral, com 0,76%; Brocó, em Tauá, com 0,84%; Tijuquinha, em Baturité, com 0,97%.

Além deste, outros açudes apresentam nível alarmante, abaixo dos 10%. Ainda de acordo com a Cogerh outros 27 açudes no Ceará podem esvaziar completamente até dezembro deste ano e 57 podem ficar abaixo do volume considerado morto, ou seja, que nestes açudes o volume ficará abaixo de 5%, quando normalmente a água se torna inútil para condições humanas.

O cenário fica ainda mais crítico visto se for analisado a média climatológica dos próximos meses no Ceará. De acordo com chefe do setor de meteorologia da Funceme, Meiry Takamoto, os dados mostram que nos últimos 30 anos, há uma redução natural no volume de chuvas após o mês de abril. A média são de 89,9 mm em maio; 37,5 mm em junho; 15,4 mm em julho; 4,9 mm em agosto; 2,3 mm em setembro; 3,1 mm em outubro; 6,3 mm em novembro; e 29,2 mm em dezembro. "Há uma redução natural no volume de chuvas. O grande desafio hoje no mundo não é nem prever média de volume de chuvas mas sim prever quando essas chuvas, dentro daquele mês, irá começar", afirma Meiry.

Meiry alerta que a média climatológica não corresponde necessáriamente que os próximos meses serão de seca. "A média é um estudo do comparativo do volume de chuvas nos últimos 30 anos para cada mês. Isso não representa que o cenário será este, mas dá para se ter uma ideia de como se comporta essa média de chuvas", afirma.

Açude Pompeu Sobrinho, em Choró, no Ceará
Aparência em engana no açude Pompeu Sobrinho, em Choró, no Ceará. O marcador mostra o baixo nível de água no local.

ABASTECIMENTO - Devido a diminuição do volume dos açudes e sem água em poços de distribuição, alguns municípios no Ceará já enfrentam racionamento e rodízio no abastecimento. De acordo com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), em seis cidades as ações já estão em andamento.

Em Itatira, a 216 km de Fortaleza, e Caridade a 100 km de Fortaleza, o rodízio no abasteciemnto de água foi implantando recentemente. Já em Pacoti, a 95 km de Fortaleza, a situação é de racionamento de água devido a terem se exauridos dois dos poços que abastecem a cidade e por conta do baixo nível dos outros que ainda a estão abastecendo. Em parte da cidade, a Cagece suspendeu o faturamento do consumo de água e já iniciou a a perfuração de novos poços.

Em Beberibe, a 83 km de Fortaleza, no litoral leste do Ceará, o abastecimento a partir da Lagoa da Uberaba está suspenso. De forma alternativa, a Cagece está abastecendo a cidade por meio de sete poços perfurados recentemente. Em Quiterianópolis, a 414km de Fortaleza, a água para beber está sendo distribuida por meio de chafarizes abastecidos por carros-pipas com água vinda de Novo Oriente, a 397 km de Fortaleza. Há previsão de perfuração de dois poços tubulares.

Em Crateús, a 354 km de Fortaleza, o sistema de abastecimento por rodízio já está funcionando desde o dia 8 de abril, de acordo com a Cagece. Na cidade, ligações novas em casas ou construções estão suspensas.

SOLUÇÕES - A Cogerh já apresentou soluções emergenciais e soluções definitivas para algumas localidades que enfrentam colapso parcial ou mesmo já tem aludes completamente secos.

Seca no Ceará
Chafarizes comunitários abastecidos por poços são algumas das soluções praticadas no combate a seca no ceará

As soluções variam para cada localidade, porém, em quase todos os casos, a Cogerh indica como solução emergenciais a construção de poços, abastecimento das localidades com carros-pipas, em algumas lcoalidade é possível ainda negociação para alimentação da cidade por meio de açudes de particulares e recuperação de adutoras ou Estações de Tratamento de Água.

A Coordenadoria da Defesa Civil do Estado também vem atuando nessa área, com a entrega de poços chafarizes com bombas já instaladas ou dessanilizadores, que filtram a água do lençol freático, retirando o sal do líquido e deixando-o próprio para o consumo. Nessa área, a Defesa Civil deverá entregar nos próximos 90 dias, 345 poços funcionando em vários municípios do estado. Além disso, já possui projeto para a construção de mais 416 poços, com verba já autorizada pelo Ministério da Integração e outro projeto aguardando autorização de verba para mais 327 poços.
Fonte: http://ne10.uol.com.br

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