terça-feira, 20 de maio de 2014

Tragédia em Canindé: Tacógrafo marcava 90km/h, diz PRF

acidente
O motorista do veículo, que fazia a linha Boa Viagem-Fortaleza, afirmou que perdeu o controle do ônibus ao tentar desviar de uma motocicleta que atravessou a rodovia em sua frente, por volta das 8h30.
                                                         Foto: Antônio Carlos Alves
O tacógrafo do ônibus da Viação Princesa dos Inhamuns, que capotou em Canindé, matando 18 pessoas na manhã do último domingo (18), marcava 90 km/h no momento do acidente, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). O trecho da BR-020 em que ocorreu a tragédia, no Km 303, ainda segundo a PRF, permitia a velocidade empregada pelo veículo.
"A velocidade máxima permitida para ônibus em rodovias federais, onde não há placa indicando, é de 90 km/h. O ônibus estava na velocidade máxima permitida, já que lá não há placa indicando velocidade menor", explicou a PRF, citando ainda que, para carros, o mesmo trecho permite a velocidade de 110 km/h. "A velocidade é alta, certamente dificulta manobras mais repentinas, mas o motorista não estava fora do que é permitido", disse o órgão.

Investigações
A delegada municipal de Canindé, Giselle Martins, afirmou que já foi instaurado inquérito policial. "Já demos início às investigações e estamos tentando localizar o motociclista que teria sido um dos fatores do acidente", disse. De acordo com o motorista do ônibus, uma motocicleta teria entrado à sua frente na rodovia, o obrigando a frear bruscamente. Na manobra, o condutor perdeu o controle do transporte coletivo, que capotou. Os passageiros foram arremessados para fora do coletivo.
Segundo a delegada, há uma testemunha, que já foi ouvida, e que poderá ajudar nas investigações. "Um rapaz foi localizado pelos inspetores no local. Ele já prestou depoimento e confirmou a versão do condutor do ônibus", afirmou. O motorista do ônibus realizou exame de alcoolemia momentos depois do acidente. O exame não apontou presença de álcool no sangue.
Onze passageiros feridos no acidente foram encaminhados ao Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza. Destes, nove permaneciam internados, até o fechamento desta edição. Os outros dois já haviam recebido alta médica.

Detran
O Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE) afirmou, por meio de nota, que também investiga os motivos e responsabilidades do acidente.
Segundo o Departamento, o ônibus envolvido no acidente encontrava-se "regularmente cadastrado, possuindo quatro anos de fabricação e laudo técnico de vistoria realizado em 26 de fevereiro de 2014".
O Detran destacou, também, que serão avaliadas as informações do tacógrafo, sistema de GPS, cumprimento das escalas dos motoristas, o Boletim de Acidente de Trânsito da PRF, bem como o laudo em elaboração pela Pefoce.

Identificados
Das 18 pessoas que morreram no acidente com o ônibus, 17 já foram identificadas. De acordo com a coordenadora de Medicina Legal da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), Helena Carvalho, os corpos foram liberados após os procedimentos de identificação, ainda na noite de domingo. "Nós tínhamos quatro peritos papiloscopistas trabalhando em Canindé e oito em Fortaleza. Além deles, cinco médicos legistas em Canindé e oito em Fortaleza agilizaram este trabalho de identificação e fizeram com que pudéssemos concluí-lo em um tempo curto", explicou.
A Secretaria da Segurança Pública divulgou a lista oficial dos mortos no acidente. Foram identificadas: Márcia Viana Barbosa; José Evangelista de Castro Filho; Vilauda Venâncio Barbosa; Maria Rosary Pereira; Francisca Venâncio da Silva; Francisco Adriano Nascimento Silva;Francisca Luana Santos Silva; Patrícia da Silva Oliveira; Maria de Oliveira Magalhães;Antônio Fernando Oliveira Lima; Sirleuda Gomes Freire da Glória; Francisco Reginaldo da Glória; João Paulo de Oliveira Santos; Helena Alves de Morais Silva; Antônio Carlos da Silva; Adaiza Bezerra Rodrigues; Francisco Moura Lima. Uma vítima do sexo feminino ainda não foi identificada.

Preconceito
Em nota, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que instaurou procedimento administrativo criminal para apurar a conduta de internautas que fizeram comentários discriminatórios em matérias jornalísticas sobre o acidente de Canindé. Dezenas de mensagens foram coletadas pelo MPF.

Levi de Freitas/Márcia Feitosa
Repórteres

Nove passageiros  são sepultados

caixão
Foto, Alex Pimentel
Boa Viagem. Nove dos 18 passageiros de Boa Viagem mortos no último domingo, no acidente com um ônibus da empresa Princesa dos Inhamuns, na BR-020, em Canindé, foram sepultados ontem. Seis deles foram enterrados no Parque da Esperança, cemitério mais novo de Boa Viagem. Outros dois foram enterrados na localidade de Várzea da Ipueira, na zona rural deste município do Sertão Central e outro na cidade vizinha, Itatira. Dezoito foi o número total de mortos no acidente.
Segundo informações da assessoria de comunicação da Prefeitura de Boa Viagem, a princípio pretendia-se realizar um velório coletivo, seguido de uma missa e do sepultamento, mas as famílias preferiram realizar os velórios rapidamente, para evitar mais sofrimentos. Alguns corpos estavam parcialmente mutilados. Preferiram deixar os caixões fechados.
Conforme a administração do Parque Santo, as primeiras vítimas sepultadas foram Antônio Carlos da Silva, 79 anos, e sua esposa, Helena Alves de Morais Silva, 74. Eles foram enterrados por volta das 9 horas. O Casal morava no bairro Ponte Nova, na periferia da cidade. Cerca de uma hora depois outro cortejo adentrou o cemitério, acompanhando o corpo da professora aposentada Maria Rosary Pereira, 69 anos. O velório dela foi na Escola de Ensino Médio Dom Terceiro, onde ensinava música e teatro. Os filhos pretendiam sepultar o pai, Francisco Moura Lima, também morto no acidente, mas o corpo dele ainda não foi liberado, devido à necessidade de realização de exame de DNA, pois o corpo dele ficou totalmente mutilado.
A mãe acompanhava o pai com destino a Fortaleza. Ele precisava realizar um exame oftalmológico. Ela ia aproveitar e visitar os filhos. No fim da manhã foi a vez dos familiares de João Paulo de Oliveira Santos, 25 anos, se despedirem dele. O jovem trabalhava como operário no asfalto de uma estrada, no município de Pecém. No fim de semana resolveu visitar a família e a namorada.
A costureira Patrícia da Silva Oliveira, 24 anos, viajava para Fortaleza para prestar o exame da CNH nesta segunda-feira. Os 14 irmãos, a maioria morando em São Paulo, viajou para Boa Viagem após tomarem conhecimento da tragédia. Pretendiam se despedir da irmã caçula.
A administração municipal resolveu disponibilizar assistentes sociais e psicólogos para ampararem as famílias. O prefeito decretou luto oficial de três dias.

Alex Pimentel
Colaborador
Fonte, DN

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