quinta-feira, 10 de julho de 2014

A maior das derrotas



fd

Telão do Mineirão exibe placar inacreditável ao fim da partida que definiu o primeiro finalista da Copa do Mundo do Brasil. Desastre de Belo Horizonte marcou a primeira derrota da Seleção em jogos oficiais como mandante após 39 anos
fotos: Reuters
f
Zagueiro do Chelsea, para muitos, foi o melhor jogador da Seleção nas seis partidas da equipe até agora no Mundial. Ontem, saiu de campo chorando
d
O técnico alemão, Joachim Löw, relatou que, quando o placar estava em 2 a 0, os "brasileiros ficaram muito nervosos, abrindo grandes espaços"
 
O dia 8 de julho de 2014 ficará marcado pela derrota mais humilhante e profunda da história do futebol brasileiro. Daqui há 50 anos, ou quem sabe cem, o torcedor lembrará dos 7 a 1 que a Seleção Brasileira tomou da Alemanha, ontem, pelas semifinais da Copa do Mundo, no Mineirão, em Belo Horizonte (MG), dando adeus ao sonho do hexacampeonato.
Um resultado vexatório, a pior derrota em cem anos de Seleção Brasileira, que sem dúvida, fará muitos esquecerem a final da Copa de 50 - os 2 a 1 para o Uruguai no Maracanã há 64 anos -, lembrada até ou ontem como a pior da história. Ou seja, pode-se dizer que o Maracanazo é uma dor menor do que o "Mineiraço" de ontem.
E a derrota dói não só pelo placar absurdo, inexplicável para equipes de futebol de alto nível. A atuação da Seleção Brasileira também doeu na alma.
Exceto pelos primeiros minutos, em que a Seleção parecia disposta a superar a ausência de Neymar e partiu para cima de uma respeitosa Alemanha - talvez assustada com o ímpeto inicial dos mandantes - a atuação dos brasileiros foi um desastre. Em todos os setores, o Brasil mostrou deficiências, rapidamente aproveitadas pelos alemães.
A goleada começou a ser construída aos dez minutos, quando a Alemanha aproveitou a desorganização da defesa brasileira. Em uma cobrança de escanteio, Muller apareceu livre de marcação dentro da área e só teve o trabalho de finalizar: 1 a 0.

Desespero

O gol foi a senha para a Seleção Brasileira se desesperar, mostrando, mais uma vez, descontrole emocional em situações adversas nesta Copa que sedia.
Sem nenhuma criatividade, o time não conseguia manter a posse de bola na frente, e ainda cedia espaços generosos.
Erros fatais contra uma equilibrada e talentosa seleção alemã, que contando com total liberdade para trocar passes, transformou a vitória parcial em goleada em menos de cinco minutos. Aos 22, Klose aproveitou rebote de Julio Cesar e fez o segundo gol, se isolando como maior artilheiro da história das Copas do Mundo ao marcar seu 16º tento.
Àquela altura, alguns torcedores já começavam a chorar, pelo desastre que viam em campo. O trauma emocional seria ainda maior. Já aos 23, Lahm fez um cruzamento rasteiro para a área e Kroos concluiu: 3 a 0.
O marcador dilatado fez o Brasil ficar tonto em campo. Assim, ficou fácil para a Alemanha ampliar, marcando mais dois ao fim do primeiro tempo. Kroos fez, aos 25, e Ozil, aos 29. A Copa acabava ali para o Brasil, antes dos 30 minutos iniciais.
O segundo tempo só serviu para prolongar o tormento da torcida. Mesmo com a Alemanha claramente se acomodando, dilatou o placar duas vezes com Schürrle, aos 23 e aos 33.
Aos 44 minutos, o Brasil fez o seu gol de honra, com Oscar, mas nada que aliviasse a dor de uma torcida que sonhou com um hexa em seu país e presenciou seu maior vexame em Copas.
Resta aos brasileiros disputarem o 3º lugar, no dia 12 em Brasília, contra o perdedor de Argentina e Holanda, e ver os alemães disputarem o título no dia seguinte, no Maracanã, com o vencedor do confronto entre argentinos e holandeses.

"Só queria dar alegria ao meu povo", diz David Luiz

Assim que o árbitro Marco Rodríguez trilou o apito de misericórdia e encerrou a vitória da Alemanha por 7 a 1 na semifinal da Copa do Mundo, vários jogadores do Brasil se permitiram chorar. Oscar se deitou no gramado, Luiz Felipe Scolari se dividiu entre consolar seus atletas e parabenizar os adversários. David Luiz derramou lágrimas de esguicho.
"Só queria dar alegria ao meu povo. Minha gente sofre tanto", disse, convulsivamente, o zagueiro. Infelizmente, não conseguimos. Desculpa a todo o mundo, todos os brasileiros. Só queria ver meu povo sorrindo. Todos sabem quanto eu queria ver o Brasil inteiro feliz por causa do futebol" desabafou.

Reconhecimento

Lágrimas à parte, o zagueiro David Luiz não fugiu do óbvio ao reconhecer a superioridade da Alemanha.
"Foram melhores. Eles se prepararam melhor e fizeram um melhor jogo. Tomamos quatro gols em seis minutos ou algo assim. É um dia de muita tristeza, mas de muito aprendizado também na vida-, afirmou".

Mick Jagger assistiu ao jogo no Mineirão

O cantor britânico Mick Jagger, 70, mostrou mais uma vez que não é o melhor amuleto para as seleções pelas que torce.
Usando um boné da Inglaterra, ele estava no estádio do Mineirão em Belo Horizonte (MG), aparentemente torcendo para o Brasil, no jogo contra a Alemanha pela semifinal da Copa do Mundo.
Nesta Copa, ele já declarou torcida para as seleções da Inglaterra e Itália. Ambas as equipes foram eliminadas.
Em 2010, nas quartas de final contra a Holanda, ele também estava na torcida pelo Brasil no estádio na África do Sul, que perdeu a partida. Na ocasião, ele ganhou fama de "pé-frio".

Aplausos

Nas arquibancadas, aos 24 minutos do segundo tempo, quando André Schürrle anotou o sexto gol da Alemanha, a torcida brasileira se rendeu definitivamente ao futebol mágico dos alemães e aplaudiu ao espetáculo de pé a equipe de Joachim Löw.

'Ficaram perdidos e aproveitamos'

Tanto o treinador da Alemanha, Joachim Löw, quanto o melhor jogador em campo na vitória de 7 a 1 no Mineirão, o meia Kross, afirmaram após o jogo que perceberam o Brasil "perdido" em campo e se aproveitaram da debilidade do anfitrião.
"Não esperávamos esse placar. Os gols em sequência foram um golpe para eles. Ficaram perdidos e não conseguiram se recuperar. Entraram em pane e nós aproveitamos disso", disse Löw.
"Percebemos que, quando fizemos 2 a 0, eles ficaram muito nervosos, abriram grandes espaços no meio de campo, não somente na defesa", acrescentou.
Kross também afirmou que ele e seus colegas perceberam "que o Brasil estava meio perdido". Segundo o meia, o fator emocional foi determinante.

Fonte, DN 
Vladimir Marques
Repórter
ff
Compartilhe este artigo :

Nenhum comentário:

Postar um comentário