sexta-feira, 18 de julho de 2014

EUA e Ucrânia afirmam que avião foi derrubado por míssil terrestre

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A embaixada holandesa em Kiev recebeu flores e velas de pessoas comovidas com a tragédia que aconteceu ontem no leste da Ucrânia. A maioria das vítimas eram da Holanda. O voo levava 298 pessoas de Amsterdã a Kuala Lumpur
                                                                       foto: reuters
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    Voo MH-17 enquanto voava sobre a Polônia, de Amsterdã a Kuala Lumpur, em 12 de abril de 2012
                                                                     FOTO: REUTERS
Washington/ Kiev. O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou ontem que a queda do avião da Malaysian Airlines "não foi um acidente". A fala vai ao encontro de relatos de dois oficiais do Exército norte-americano, segundo os quais o avião foi alvejado por um míssil terrestre.

Biden disse que falou ao telefone com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, e que os Estados Unidos ofereceram ajuda para apurar o acidente. Segundo o vice-presidente, uma equipe do Exército dos EUA "estará rapidamente a caminho para ver se podemos chegar ao que causou o acidente".

Dezenas de corpos em pedaços ficaram espalhados em um raio de 15 km, na região da cidade de Grabovo, na província de Donetsk, segundo relatos de agências de notícias. Serviços de emergência dizem que pelo menos cem corpos foram encontrados até agora.

Mais cedo o presidente ucraniano Petro Poroshenko já havia atribuído a tragédia a "um ato terrorista", alimentando as suspeitas de que a aeronave tenha sido abatida. "Poroshenko crê que esse avião foi abatido: não é um incidente, não é uma catástrofe, mas um ato terrorista", afirmou Svatoslav Tsegolko, assessor do presidente.

Os destroços do Boeing 777 têm as cores da companhia aérea malaia. É provável que o avião tenha explodido no ar, embora haja corpos inteiros.

295 pessoas

A Malaysia Airlines divulgou nota em que confirmou ter perdido contato com o voo MH17 às 11h15 (hora de Brasília) quando ele sobrevoava a Ucrânia, a 50 quilômetros da fronteira com a Rússia. Segundo a companhia, havia 283 passageiros e 15 membros da tripulação a bordo. O avião ia de Amsterdam para Kuala Lumpur, capital da Malásia.

O vice-presidente da Malaysia Airlines, Huib Gorter, afirmou, na noite de ontem, que, segundo o presidente do aeroporto de Amsterdã, a maioria dos passageiros a bordo do avião da companhia aérea que caiu tinha cidadania holandesa. Segundo ele, ao menos 154 holandeses, 43 malaios, 27 australianos, 12 indonésios, 9 britânicos, 4 alemães, 4 belgas, 3 filipinos e 1 canadense estavam a bordo do avião. Ainda não se sabe a nacionalidade de outros 41 passageiros. Todos os 15 tripulantes do voo eram malaios.

A mesma empresa passou por outro incidente complicado há cerca de quatro meses. O voo MH 370, também da Malaysia Airlines, desapareceu na madrugada do dia 8 de março com 239 pessoas a bordo e nunca foi encontrado.

Cessar-fogo

Separatistas ucranianos afirmaram ter encontrado uma das duas caixas-pretas do avião e pretendem pedir um cessar-fogo de três dias, para que o incidente seja investigado, de acordo com agências russas.

O confronto entre separatistas pró-Rússia e forças ucranianas na fronteira já provocou a queda de aviões militares nesta semana.

Mais cedo, um assessor do ministro do Interior da Ucrânia também havia dito que a aeronave foi derrubada por um míssil lançado a partir do solo. A informação, porém, ainda não havia sido confirmada oficialmente até ontem. "Terroristas, usando um sistema de mísseis Buk fornecido por Putin (presidente russo), derrubaram um avião civil", disse pelo Facebook.

Outras versões

Além da versão de que a aeronave tenha sido derrubada, dada pelos governos dos Estados Unidos e da Ucrânia, há outras partes envolvidas dando outras hipóteses para a tragédia.
Analistas de inteligência "acreditam fortemente" que um míssil terra-ar derrubou o avião e estão revisando dados para determinar se o disparo foi feito por separatistas pró-Moscou na Ucrânia, por tropas russas na fronteira ou por forças do governo ucraniano, indicou uma autoridade americana, que não quis ser identificada.

O "primeiro-ministro" da autoproclamada "República de Donetsk", Alexandre Borodai, afirmou que foram as forças ucranianas que derrubaram o avião.
Os dirigentes da outra região separatista, a "República de Lugansk", foram mais incisivos e afirmaram que a aeronave tinha sido derrubada por um caça ucraniano, que teria sido abatido depois pelos rebeldes.

Putin como alvo

A tese mais extraordinária foi elaborada por uma fonte anônima da agência federal do transporte aéreo russa Rossoviatsia, citada pela agência russa Interfax. Segundo essa hipótese, o avião malaio teria sido derrubado por um míssil terra-ar ucraniano ou por um míssil disparado pelo piloto de um avião que pretendia atingir o avião do presidente russo, Vladimir Putin, que regressava da reunião de cúpula do Brics no Brasil. Parte do evento foi realizada em Fortaleza.

"Posso dizer que o avião presidencial e o Boeing de Malaysia Airlines cruzaram o mesmo ponto e o mesmo corredor (...)O avião presidencial estava no local às 16h21 e o avião da Malaysia Airlines às 15h44 (hora local)", disse a fonte.

Corpos intactos

A jornalista Sabrina Tavernise, que estava na região em que ocorreu o acidente aéreo da Malaysia Airlines ontem afirmou que alguns dos corpos estavam intactos, sentados em seus assentos do avião. De acordo com o relato, publicado no "New York Times", o fato é indício de que o "avião fez, pelo menos, algum tipo de pouso controlado".

Sabrina afirma que "muitas das vítimas estavam ainda em seus assentos ou presas a pedaços da fuselagem". Ela acrescenta que pedaços do avião estavam espalhados por toda a região rural e nas estradas próximas.

"Não havia casas nas redondezas. A única estrutura visível era uma estrutura de criação de aves com viveiros, ao longe".
A jornalista descreve algumas das vítimas: um jovem de bermuda azul e tênis, segurando um iPhone; um menino de cerca de dez anos, entre outros.

Conselho de Segurança convoca reunião

Nova York. O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência para a manhã de hoje para discutir a queda, na Ucrânia, do avião comercial da Malaysia Airlines.
Em sua conta no Twitter, o embaixador da Ucrânia nas Nações Unidas, Yuriy Sergeyev, disse que seu país vai "apresentar a evidência do envolvimento das forças militares russas na queda do Boeing". "Esse crime deve ser investigado completamente", disse o diplomata.

O líder separatista Aleksander Borodai, por sua vez, acusa as forças ucranianas de terem abatido o avião.
O pedido para a reunião de emergência foi formalizado pela missão do Reino Unido, membro permanente do Conselho de Segurança.

Espaço aéreo

A Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol), que controla o espaço aéreo do continente, decidiu fechar o espaço aéreo do Leste Europeu.
O espaço aéreo na região ficará fechado, "até novas informações", de acordo com o órgão de segurança de voo da Europa. Companhias aéreas da Europa já anunciaram mudança de rota de seus voos para não sobrevoar a região onde o Boeing 777 da Malaysia Airlines caiu.

O voo MH17 partiu de Amsterdã, na Holanda, com destino a Kuala Lumpur, na Malásia. A aeronave caiu nas proximidades da fronteira russa.
O avião perdeu a comunicação com terra na região oriental de Donetsk, perto da cidade de Shaktarsk, palco de combates entre forças governamentais ucranianas e rebeldes federalistas pró-russos.

Separatistas pró-Rússia disseram que estão dispostos a adotar um cessar-fogo de três dias, no leste da Ucrânia, para permitir o trabalho das equipes de resgate no local da queda do voo MH17. O chefe de situações de emergência ucraniano disse que as buscas no local do acidente estão sendo prejudicadas por "terroristas armados".

Angústia

Os parentes dos passageiros e da tripulação que estavam a bordo do voo estavam ontem no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, em Sepang, na Malasia, onde o voo chegaria. O aeroporto é o principal centro de conexão da Malaysia Airlines.

A companhia informou apenas que no voo estavam 280 passageiros e 15 tripulantes.
A causa da queda ainda era desconhecida até o fechamento desta edição. Mais cedo, os Estados Unidos ofereceram ajuda para esclarecer o acidente.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o Itamaraty, ainda não havia se manifestado sobre o episódio até a noite de ontem.
O Ministério das Relações Exteriores da Holanda, país de onde o voo partiu, divulgou ontem um número de contato para que os parentes buscassem informações: +31703487770.

Companhia vive 2ª tragédia no ano

São Paulo O Boeing 777, modelo do avião da Malaysia Airlines que caiu ontem é uma das mais usadas aeronaves comerciais do planeta. Caso confirmado o número de mortes, será o maior acidente com o modelo.

O mais grave até ontem havia sido em março, com o voo MH 370, também da Malaysia Airlines. A aeronave desapareceu na madrugada do última dia 8 de março com 239 pessoas a bordo.
O primeiro acidente fatal com o 777 aconteceu em 2013. Um avião da Asiana Airlines teve problemas no pouso em San Francisco, nos EUA, e deixou três mortos. Houve outros dois acidentes que não causaram mortos.

O modelo foi lançado comercialmente em 1995 em um voo da United Airlines. É fabricado pela americana Boeing e, segundo a empresa, é o líder de mercado. O 777 é uma família de aeronaves com diferentes características. O que caiu ontem é um 777-200ER, tem capacidade para até 440 passageiros e autonomia de voo de até 14.305 Km. Ontem, pelo Twitter, a Boeing disse que aguardava mais informações sobre o voo.

Coincidência de data

Outro acidente aéreo de grandes proporções também aconteceu no dia 17 de julho. O Airbus A320 da TAM explodiu, em São Paulo, sete anos atrás. Na ocasião, 199 pessoas morreram, em um dos piores desastres da história da aviação brasileira.

A aeronave não parou a tempo na pista do aeroporto de Congonhas (São Paulo), atravessou a avenida Washington Luís e bateu em um posto de combustível e num prédio da TAM.
A Aeronáutica concluiu que o avião acelerou porque um dos reversores (dispositivo que ajuda a frear) estava inoperante. O acidente resultou em processo criminal movido pelo Ministério Público contra três pessoas, dois ex-dirigentes da TAM e Denise Abreu, ex-diretora da Anac. A sentença deve sair neste ano.

Voos civis abatidos

Mísseis que causaram quedas 23 de março de 2007 - Um

Ilyushin pertencente à companhia aérea bielorrussa foi atingido por um foguete logo após decolar na capital somali, Mogadíscio: 11 mortos. O avião transportava engenheiros de Belarus que iam realizar reparos em outra aeronave, atingida por um míssil duas semanas antes.

4 de outubro de 2001 - Um Tupolev-154 da companhia russa Sibir que ia de Tel Aviv a Novosi- birsk, na Sibéria, explodiu sobre o Mar Negro, a menos de 300 km da costa da Crimeia (sul da Ucrânia). Houve 78 mortos, a maioria israe- lenses. Após uma semana, Kiev reco- nheceu que o disparo acidental de míssil ucraniano causou o desastre

3 de julho de 1988 - Um Airbus A-300 da companhia aérea Iran Air, que voava entre Bandar Abbas e Dubai, foi abatido por dois mísseis disparados de fragata dos EUA que patrulhava o Estreito de Hormuz. 290 pessoas foram mortas.
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Fonte, DN 
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