Economistas: se gasolina aumentar neste ano, aumenta probabilidade de IPCA ultrapassar teto
André Braz, economista do Ibre/FGV, destaca que o resultado de setembro veio um pouco acima do esperado pelo instituto, 0,48%, quase 0,1 ponto percentual a mais. "(O resultado) não mostra exatamente uma piora absurda do cenário e é devido, principalmente, pelos preços na alimentação, que chamaram muita atenção", explicou Braz.
Se havia alguma janela para reajustes de preços administrados como o da gasolina, pondera o economista, esta janela está menor agora. Ele aponta que a gasolina compromete 4% do orçamento familiar e que cada um ponto porcentual de ajuste causa um impacto de 0,04 p.p. no IPCA. Se a gasolina sofrer um reajuste de 3%, causará um impacto de 0,12 p.p. no índice.
Se não se promover nenhum reajuste na gasolina, acredita o economista, é provável que o IPCA termine 2014 abaixo do teto da meta. Como outubro deve apresentar uma desaceleração, as chances aumentam, mas "ainda vai depender do que for feito com a gasolina". Se houver reajuste, pode ficar mais próximo do teto, mas, se não acontecer, a probabilidade de fechar abaixo aumenta.
Heron do Carmo, professor de Economia na USP, também destaca que o resultado de setembro foi uma surpresa e que veio acima do esperado. Ele salienta a contribuição da alta dos alimentos, principalmente no preço da carne, que subiu bastante devido ao período de entressafra e também devido a questões internacionais, como os embargos impostos à Rússia, que é um grande comprador de carne bovina brasileira.
O professor acredita, no entanto, que outubro e novembro não devem apresentar queda e que, como houve a promessa de reajuste do preço do combustível, podemos ter uma inflação no limite, "a não ser que se deixe o reajuste para o outro ano".
"Eu diria que, se houver um reajuste dos combustíveis, isso, com muita probabilidade, levaria a inflação a superar o teto. Se não, é provável que fique abaixo do teto", indicou Heron, ressaltando ainda questões fora de controle que afetam preços como o dos alimentos, como o clima.
Na última quinta-feira (2), em entrevista ao G1, o ministro da Fazenda Guido Mantega, que também é presidente do Conselho de Administração da Petrobras, informou que deve haver reajuste da gasolina ainda este ano. "A maioria dos segmentos teve reajuste de preços uma vez por ano, e não duas vezes por ano. Ano passado [a gasolina] teve dois aumentos. Então, neste ano não será diferente. Vai ter aumento", disse.
Fonte: http://www.jb.com.br/
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