Melissa Gurgel foi coroada Miss Brasil no último sábado. A vencedora do concurso afirmou que é preciso saber conviver com as diferenças
Foto: Alex Costa
Na tarde desta terça-feira (30), Melissa Gurgel usou seu perfil pessoal no Instagram, rede dedicada aocompartilhamento de imagens, para opinar sobre a situação. A Miss declarou ser uma pessoa totalmente livre de preconceitos e lamentou o julgamento apenas pelo que as pessoas aparentam ser ou pelas características culturais.
Declarou ainda o amor pelo País, bem como o orgulho de ter nascido no Ceará, alegando que o Brasil é um país desenvolvido e acolhedor, sendo, portanto, desnecessárias situações retrógradas como a vivida por ela.
"Resolvi usar este espaço para me posicionar sobre este assunto tão triste que é o preconceito, seja do que for: religião, cor, estado de origem, orientação sexual... Enfim. O Brasil é um país com tanta diversidade de povos e culturas. Cada região tem a sua peculiaridade, seja no clima, na cultura ou no sotaque. E nós precisamos saber conviver com todas ela, admirá-las e respeitá-las. Só assim seremos reconhecidos lá fora como uma nação unida que preza pelos seus. Obrigada pelo carinho!", escreveu Melissa. Em seguida, vários admiradores apoiaram suas palavras, com comentários em apoio à Miss Brasil.
"Linda e merecedora do título. Somente gente mesquinha apega-se a preconceitos para tentar desvalorizar aquilo que nunca poderá ter ou ser", disse um dos seguidores. "Amo meu Ceará e você o representou divinamente", disse outra.
Crime
Na última segunda-feira (29), a Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE) enviou ao Ministério Público Federal (MPF) representação e notícia-crime para que os responsáveis pelas publicações preconceituosas contra Melissa possam ser identificados e punidos.
Dentre as postagens discriminatórias na internet, usuários de redes sociais postaram mensagens como "Miss Ceará é bonita até abrir a boca e vir aquele sotaquezinho sofrível" e "Lembrem de deixar a TV no mudo quanto a Miss Ceará for dar a palestra dela no Miss Brasil do ano que vem".
De acordo com o presidente da OAB-CE em exercício, Ricardo Bacelar, o ato é classificado como racismo e incitação ao racismo, podendo levar à pena de dois a cinco anos de prisão.
Casos
O uso das redes sociais para incitar o ódio ou preconceito já rendeu outros casos em que usuários foram acusados e punidos após publicarem mensagens racistas. Em 2010, a estudante de Direito Mayara Petruso postou no Twitter comentários incitando a violência contra os nordestinos, após a vitória da atual presidente Dilma Rousseff. "Nordestisto (sic) não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado".
Mayara foi condenada, em 2012, a prisão por um ano, cinco meses e 15 dias. A pena, entretanto, foi convertida em prestação de serviços comunitários e pagamento de multa.
No último mês de março, Eduardo Pfiffer, então copiloto da Avianca, foi demitido pela companhia aérea também após comentários preconceituosos contra nordestinos em sua página do Facebook.
Ao reclamar do atendimento em um restaurante em João Pessoa, na Paraíba, ele utilizou palavras de baixo calão, referindo-se à região Nordeste em geral. "Para manter o padrão porco, nojento, relaxado de tudo no Nordeste como sempre", dizia uma parte da mensagem.
Ao perceber a grande repercussão do comentário, Pfiffer apagou a mensagem e escreveu uma nova, desculpando-se pelo texto anterior.
Fonte, DN
Ranniery Melo
Repórter
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