quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Funceme alerta que El Niño pode prolongar seca para 2015

A Funceme prevê 80% de chances de formação do fenômeno em 2014 no Oceano Pacífico, o que impactaria em 2015. A esperança está na formação da Zona de Convergência Intertropical no Oceano Atlântico
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O presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins, afirma que os cenários já apontam que o El Niño se estabelece
As previsões se confirmaram e a quadra chuvosa (janeiro a maio) de 2014 foi 24% abaixo do normal. Choveu 508,5 mm, fazendo com que a média de aporte hídrico nos reservatórios fosse de apenas 28%. Para 2015, as perspectivas também não são boas. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), há 80% de chances da ocorrência de El Niño no segundo semestre de 2014. A depender da intensidade do fenômeno, o Ceará poderá viver mais um ano de seca.

As previsões ainda não são específicas. “Os cenários já apontam que o fenômeno se estabelece. A grande dúvida é sobre sua intensidade e como ele vai impactar na geração de escoamento superficial, no aporte dos reservatórios e na agricultura de sequeiro”, detalhou o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins. O El Niño deverá ocorrer no Oceano Pacífico e avaliações quanto ao seu desempenho só poderão ser feitas em dezembro.

Conforme Eduardo, nas últimas quatro semanas (entre 12 de maio e 7 de junho), houve um aquecimento da superfície do mar a oeste da América do Sul, o que demonstra a tendência de formação do fenômeno. O presidente da Funceme destacou que, em novembro de 2013, a probabilidade de ocorrência do El Niño era de 48%. “O El Niño gera uma circulação atmosférica que causa uma descida do ar sob as regiões Norte e Nordeste. Isso significa que o vapor quente não pode subir e dificulta a formação de nuvens de chuva”, explicou.

A gerente de Meteorologia Meire Sakamoto acrescentou que o monitoramento do Oceano Pacífico não é apenas da temperatura da superfície, mas também das profundidades da bacia. “Os oceanógrafos estão avaliando se a condição que se apresenta é de intensificação de aquecimento. Quanto mais esquenta, mais prejuízo para o Nordeste”, disse. O último fenômeno do tipo a afetar o Ceará teve nível moderado e ocorreu em 2010.
 
Atlântico é esperança
Mas ainda há esperança para que o Estado não viva o quarto ano seguido de estiagem. O Oceano Atlântico, ao contrário de anos anteriores - quando sua influência foi negativa às precipitações -, poderá amenizar as perspectivas de seca. “A condição do Atlântico está relacionada à posição da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), o principal sistema indutor de chuvas no Nordeste”.

Para que a ZCIT ocorra de forma favorável, será preciso que as temperaturas do Atlântico sejam quentes ao sul, próximo à costa cearense, e frias ao norte. Essa condição é conhecida como polo favorável. A gerente da Funceme lembrou que, em 2012, o Atlântico não se comportou favoravelmente. “Ficou mais quente no norte e frio no sul e a Zona de Convergência Intertropical não se aproximou do Nordeste. Mas essa configuração só vai ocorrer mais para o fim deste ano”.

Chuvas

Nos últimos 10 anos, as quadras chuvosas menos favorecidas foram:
2005: -26,8%
2010: 50,2%
2012: -50,7%
2013: -37,7%
2014: -24,0%

Previsões para pós-estação chuvosa
Junho: 37,5 mm
Julho: 15,4mm
Agosto: 4,9mm
 
Chuvas em 2014 no Ceará
Janeiro
Normal: 98,7 mm
Observado: 46,6mm
Desvio: -52,8%
 
Fevereiro
Normal: 127,1 mm
Observado: 91,9 mm
Desvio: -27,7%

Março
Normal: 206,2 mm
Observado: 158,3 mm
Desvio: -23,3%

Abril
Normal: 184,3 mm
Observado: 124,9 mm
Desvio: -32,2%
 
Maio
Normal: 89,9 mm
Observado: 86,8 mm
Desvio: -3,4%

Fevereiro a maio
Normal: 607,4 mm
Observado: 461,9 mm
Desvio: -24,0%

FONTE: Funceme

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