segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Amigos e familiares se despedem de Seu Lunga

Personagem do folclore cearense, Seu Lunga foi enterrado em Juazeiro do Norte. O cortejo fúnebre teve chuva de pétalas de rosas e performance de música

FOTO: AGÊNCIA MISÉRIA





"Seria um indelicadeza vê-lo sendo sepultado sem uma saudação póstuma à altura, como ele costumava fazer com seus parentes", explicou o radialista Demontier Tenório, primo em segundo grau do comerciante. O cortejo fúnebre contou ainda com apresentação do artista Galvão, que cantou a música "Beata Mocinha", de Luiz Gonzaga, após lembrar a devoção de Seu Lunga ao Padre Cícero.
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Seu Lunga Inspirou folhetos da literatura de cordel que destacavam sua personalidade arredia, mas muitas das anedotas atribuídas a ele não são verídicas, conforme o professor aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC), Renato Casimiro. Amigo da família de Seu Lunga e pesquisador dos “causos” sobre o poeta cearense, ele concorda que Seu Lunga possuía um humor refinado, mas também se manifestava de forma sutil.

"Lembro de uma vez que fui ao endereço de Seu Lunga com meu pai e encontramos um garoto no balcão. Chegando lá o garoto teria dito: ‘Seu Lunga, lá fora tem dois homens’. Ao que ele teria respondido: ‘Pois vá lá fora e diga que aqui tem três’. Em seguida, lá vinha o Lunga, ele mesmo rindo da brincadeira e nos contando a história", relembra Casimiro.

Para o professor, aquece era o Seu Lunga, irritado com o descaso das pessoas e com as perguntas bestas. “Talvez a mais reveladora história do espírito de Lunga seja o que lhe ocorreu com a construção do calçadão em frente a sua casa, que impediu a saída de carros. Lunga ficou sem poder tirar a sua camioneta, e assim lá está, ao que me parece, por todos estes anos. O velho fordinho, preso na varanda de sua casa, como se fosse um castigo que o Lunga tivesse aplicado à vaidade, ao descaso, e à prepotência do prefeito”, relata.

Luto
Seu Lunga era poeta, vendedor de quinquilharias e repentista em Juazeiro do Norte, mas foi com seu humor ácido que virou personagem do folclore cearense. O apelido veio de uma vizinha, que o chamava de Calunga por causa da loja que mantinha. Aos poucos, foi virando Lunga.
A Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte vai decretar luto oficial de três dias em virtude da morte de Seu Lunga. Ele deixa esposa, com quem teve 13 filhos.
Redação O POVO OnlineRedação O POVO Online


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