Personagem do
folclore cearense, Seu Lunga foi enterrado em Juazeiro do Norte. O cortejo
fúnebre teve chuva de pétalas de rosas e performance de música
FOTO: AGÊNCIA MISÉRIA
"Seria
um indelicadeza vê-lo sendo sepultado sem uma saudação póstuma à altura, como
ele costumava fazer com seus parentes", explicou o radialista Demontier
Tenório, primo em segundo grau do comerciante. O cortejo fúnebre contou ainda
com apresentação do artista Galvão, que cantou a música "Beata
Mocinha", de Luiz Gonzaga, após lembrar a devoção de Seu Lunga ao Padre
Cícero.
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poeta e personagem cearense Seu LungaConfira
algumas anedotas de Seu LungaSeu
Lunga detestava futebol e qualquer modalidade esportiva"Essa
fama me incomoda", dizia Seu Lunga sobre piadas grosseiras
Seu Lunga
Inspirou folhetos da literatura de cordel que destacavam sua personalidade
arredia, mas muitas das anedotas atribuídas a ele não são verídicas, conforme o
professor aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC), Renato Casimiro.
Amigo da família de Seu Lunga e pesquisador dos “causos” sobre o poeta
cearense, ele concorda que Seu Lunga possuía um humor refinado, mas também se
manifestava de forma sutil.
"Lembro
de uma vez que fui ao endereço de Seu Lunga com meu pai e encontramos um garoto
no balcão. Chegando lá o garoto teria dito: ‘Seu Lunga, lá fora tem dois
homens’. Ao que ele teria respondido: ‘Pois vá lá fora e diga que aqui tem
três’. Em seguida, lá vinha o Lunga, ele mesmo rindo da brincadeira e nos
contando a história", relembra Casimiro.
Para o
professor, aquece era o Seu Lunga, irritado com o descaso das pessoas e com as
perguntas bestas. “Talvez a mais reveladora história do espírito de Lunga seja
o que lhe ocorreu com a construção do calçadão em frente a sua casa, que
impediu a saída de carros. Lunga ficou sem poder tirar a sua camioneta, e assim
lá está, ao que me parece, por todos estes anos. O velho fordinho, preso na
varanda de sua casa, como se fosse um castigo que o Lunga tivesse aplicado à
vaidade, ao descaso, e à prepotência do prefeito”, relata.
Luto
Seu
Lunga era poeta, vendedor de quinquilharias e repentista em Juazeiro do Norte,
mas foi com seu humor ácido que virou personagem do folclore cearense. O
apelido veio de uma vizinha, que o chamava de Calunga por causa da loja que
mantinha. Aos poucos, foi virando Lunga.
A
Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte vai decretar luto oficial de três
dias em virtude da morte de Seu Lunga. Ele deixa esposa, com quem teve 13
filhos.
Redação O POVO
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