A menina relata uma ligação telefônica recebida em casa: "Ele ficava perguntando se eu estava de camisola, como que eram minhas partes íntimas, ficava perguntando onde minha mãe estava, onde meu pai estava. Fiquei com muito medo". As conversas com o estranho se repetiram durante meses, até que ela contou para a mãe.
A mãe diz que procurou ajuda policial, sem sucesso. "Procurei a delegacia, procurei a 24ª DP (Piedade), que aí eu chegando lá eles falaram que era mais fácil eu trocar a minha linha telefônica. Fui à 26ª DP (Todos os Santos), eles me falaram que não podiam fazer nada porque ele não chegou a abusar dela. Então, fiquei em desespero".
Ela, então, resolveu tomar uma atitude: passou a atender os telefonemas fingindo ser a filha. "Fui entrando no jogo dele, conversando como se fosse ela. Quando ele falou para mim que tinha namorado uma de 10 e uma de 14, eu falei: ‘ah, ele quer fazer a minha filha a próxima vítima’. Ele voltou a ligar e marcou um encontro para segunda-feira. Fomos ao encontro. Quando ele chegou próximo a ela, segurou... ela perguntou: 'é o Bruno, você?' Ele se identificou como Bruno. Ele foi segurar o braço dela e eu falei: você solta a minha filha, porque agora eu vou chamar a polícia", contou a mãe.
O homem foi agredido por pessoas que estavam no local. Ele foi identificado como Luiz Felipe de Menezes, de 57 anos, e acabou preso.
O pai da menina criticou a falta de atitude dos policiais das duas delegacias, onde a família fez as denúncias. "Acho que isso foi um descaso absurdo. A gente não sabe... Então, a gente vai pedir ajuda a quem?", questionou.
Os pais têm papel fundamental para evitar que os filhos sejam vítimas de pedofilia. Segundo especialistas, o diálogo em casa é a melhor forma de descobrir se algo de errado está acontecendo.
"Agressividade, dificuldade de dormir, o baixo rendimento na escola. Normalmente a criança vitimizada tende a ser alvo de um aprisionamento emocional praticado pelo pedófilo. Então, ela passa a guardar segredos com alguma outra pessoa. Os pais têm de estar atentos a esse comportamento, a essas alterações e na menor delas, procurar conversar. O diálogo com a criança é fundamental neste momento", explicou o delegado Gilbert Stivanello, da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), que não é o que recebeu a denúncia dos pais da menina.
Em nota, a Polícia Civil diz que todos os agentes, mesmo nas delegacias não especializadas, têm obrigação de fazer o registro de ocorrência. E quando não houver crime devem direcionar o cidadão ao órgão competente. De acordo com a nota, o atendimento dos policiais procurados pelos pais da criança não estava de acordo com as diretrizes da instituição.
Fonte, G1
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