David Cunha Alves de Araújo nasceu em 18 de novembro de 1957 e faleceu no dia 24 de novembro de 2006. Foto: Divulgação
Quando a gravação pirata começou a ser comercializada ilegalmente pelas ruas da Capital, David Cunha não gostou. O sentimento compartilhado naquela época, no entanto, não domina os pensamentos da sua viúva. Lúcia de Oliveira, que também era a produtora dos shows do Espanta, agradece a popularidade que a cópia, até hoje, traz para o marido.
“A gravação foi filmada num estande de lojas lá em Recife. O rapaz contratado pelas lojas estava filmando para colocar no telão, só que ele pegou a gravação e começou a vender. E eu lembro que o David ficou danado, ele não gostou, mas hoje eu agradeço a Deus por esse rapaz ter filmado porque cada pessoa tem uma lembrança do Espanta em casa”, afirma Lúcia.
Lailtinho Brega, humorista cearense e amigo de Espanta, define o DVD como uma febre. “O Espanta virou, depois desse DVD, a grande coqueluche. A população começou a escutar o David. O povão tava rindo na sua casa com o DVD do Espanta”, relata.
David Cunha morreu no dia 24 de novembro de 2006 em um acidente de carro, quando estava indo de Natal para Mossoró. O humorista teve um traumatismo crânio encefálico em decorrência do acidente, que aconteceu na BR-304, na altura do município de Açu (RN). David viajava com um de seus filhos, Walter Kelson de Araújo, quando o carro que dirigia capotou diversas vezes. Além da dor de perder o pai, o filho sofreu lesões leves.
Com tristeza, Lúcia lembra do dia do acidente e conta o que David fez antes de pegar a estrada onde aconteceu a fatalidade. Espanta acordou cedo, almoçou com a família galinha caipira, não deixou a mulher viajar com ele e outros fatos que a esposa revela com detalhes.
Após a morte do marido, Lúcia de Oliveira organizou o “Tributo ao Espanta” em algumas cidades e contou com ajuda dos humoristas e amigos de David. Foto: Arquivo Pessoal
A reportagem entrou em contato com o humorista Tom Cavalcante, que está morando nos Estados Unidos. Tom aceitou participar da matéria sobre o Espanta, mas, por motivos técnicos, a entrevista acabou não acontecendo até o fechamento da reportagem.
Do Rio Grande do Norte para conquistar o público cearense
Apesar de ser natural do Rio Grande do Norte, David ganhou visibilidade no meio artístico somente no Ceará. “Ele tinha um carinho muito especial pelo Ceará. Ficava 90% do tempo dele em Fortaleza. Foi onde ele foi lançado nacionalmente e fazia show de segunda a segunda. Eu ainda tenho a agenda dele. No último janeiro (de 2005), ele fez 49 shows, chegava a fazer 3 shows por noite”, conta Lúcia.
Essa afinidade pelas terras alencarinas também é citada pelo humorista Antônio Fernandes, a Skolástica. “O humor é um dos cartões de visita do Ceará. Apesar do Espanta não ser daqui, ele ficou conhecido nesse Estado, mais do que na terra dele. Aqui foi onde ele desenvolveu a maior parte do trabalho e conquistou muita gente”, lembra Fernandes, que era amigo pessoal de Espanta.
Lailtinho Brega, Skolástica e Espanta se apresentavam juntos no espetáculo “Sol Risos” no teatro do Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar. Foto: Arquivo Pessoal/Lailtinho
“Ele hoje estaria comemorando comigo o prêmio de melhor humorista pelo Ceará. O artista pode morrer fisicamente, mas espiritualmente ele recebeu o prêmio de melhor humorista. A gente tinha uma ligação, até o Sated escolheu a gente juntos para homenagear. Para você ver como o amor vai além do Ghost”, brinca Skolástica.
O carinho de David pelo humor se estendia para fora dos palcos, de acordo com Lúcia. “Ele era um ser iluminado, onde ele passava, ele deixava o rastro. Fazia um show no palco, fazia outro no camarim, fazia no posto de gasolina, fazia no banco, onde ele passava, ele fazia um show. Não é que nem esses humoristas que se apresentam e depois viram uma pessoa normal. Ele era humorista 24 horas, direto”, ressalta a esposa.
Foto: Arquivo Pessoal
Augusto e Lailtinho lembram do acidente e contam o quanto Espanta gostava de correr na estrada. De acordo com eles, Espanta fazia um percusso de Natal para Fortaleza, uma distância de cerca de 435 km, em cerca de 3h a 4h. “Ele não dirigia, ele voava. Tinha talento para ser piloto de carro se quisesse. Ele andava a 150/180 km. Inclusive, esse desastre que aconteceu com ele não foi o primeiro. Houve outros. Deus deu a ele vários avisos e ele não aprendeu infelizmente”, relata Augusto.
ALINE CONDEREPÓRTER Fonte, DN
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